domingo, 15 de julho de 2007

Desemprego - Uma responsabilidade de todos

O desemprego é um problema social que afecta inúmeras famílias de forma profunda, gerando em muitos casos situações de profunda dificuldade económica.
Contudo, nos tempos que correm, ele é natural e torna-se prolongado em face da falta de qualificação das pessoas.
Na verdade, ao longo das últimas décadas os governos e os patrões não investiram na formação da população activa, dando-lhe competências variadas. Esta falta de investimento nas qualificações, aliada à falta de tempo e muitas vezes de condições económicas dos trabalhadores para procurar essa formação, por sua iniciativa, levou a que uma grande parte da população activa portuguesa tenha poucas qualificações.
A falta de formação não era um problema há 20, 30, 40 anos. Na verdade, o emprego era encarado como um casamento para a vida, ou seja, uma pessoa tendia a ter o mesmo emprego, na mesma empresa, durante toda a vida. Quantos não conhecem histórias de pessoas que desde tenra idade e até à reforma trabalharam para o mesmo empregador.
Contudo, essa é uma realidade do passado, mas que afecta as pessoas nos dias de hoje. Actualmente já é comum a pessoa ter o mesmo emprego, a mesma actividade, mas ter variados empregadores ao longo da sua vida profissional.
No futuro, que já se vê em parte no presente, a mesma pessoa terá várias profissões e vários empregadores, numas alturas será patrão e noutras trabalhador por conta de outrem. A mesma pessoa poderá ser camionista e depois carteiro, para a seguir explorar um restaurante e depois trabalhar nos serviços administrativos de uma empresa.
Chama-se a isso adaptabilidade, e para a atingir é necessário ter uma forte formação de base que permita que a pessoa, com os conhecimentos que tem, possa adaptar-se com rapidez a diferentes profissões.
O problema é que esta realidade económica do emprego foi muito mais veloz do que o investimento na formação de base. Assim, já hoje o mercado exige, chama por esta adaptabilidade, sem que uma grande parte dos trabalhadores a possa oferecer por falta dessa formação.
Estas duas realidades, evoluindo a duas velocidades, geram inevitavelmente desemprego de longa duração. As pessoas perdem os seus empregos pelos mais variados motivos, com ou sem culpa, e ficam muitas vezes amarrados à profissão que conhecem, sem condições de se adaptarem a uma outra nova, diferente.
Muitas profissões do antigamente escasseiam nos dias de hoje, algumas profissões já não se exercem, a modernização tecnológica leva a que as industrias necessitem de menos trabalhadores. Ora, todos estes factores, aliados à falta de formação de base, levam a que o desemprego se prolongue, com custos altos, quer para a própria pessoa, quer para o Estado, com a despesa do subsidio de desemprego ou rendimento social de inserção.
Aqui no interior, e particularmente no concelho de Seia, sente-se profundamente este flagelo, porque o emprego é pouco, a indústria que havia faliu, sendo pouca a que heroicamente resiste, as grandes empresas de electricidade e construção civil deslocalizaram os seus serviços, sendo que a restante actividade de pequeno comércio e pequena indústria tem sido afectada pela crise que o país vive, o que a impede de crescer, levando, também aí, a situações de desemprego.
Aqui, para além dos factores supra referidos da responsabilidade da Administração Central, outros há que agravam ainda mais esta situação.
O executivo socialista da Câmara não tem querido, ou não tem sabido, promover a renovação do tecido comercial, industrial e de serviços. Passados dois anos, a Área de Localização Empresarial da Abrunheira ainda não fervilha como devia e era suposto se a dinâmica empresarial do concelho fosse maior e mais forte. Louvem-se os que ali já construiriam as suas instalações e boa sorte nos seus investimentos. Esses fizeram a sua parte, mas muito mais há a fazer pela Câmara para que outros se lhe juntem e essa dinâmica exista.
As outras áreas de investimento também andam a velocidades medíocres, incompatíveis com as necessidades de criação de emprego do concelho
Se o investimento público estatal é fundamental para o crescimento das regiões do interior, uma dinâmica forte, uma actividade visível de atracção de investimento por parte da Câmara Municipal também é essencial para que os privados se mobilizem, confiem e invistam.
Ora, essa actuação não existe por parte da Câmara, que gosta muito de anunciar dinâmica de actuação, mas dos anúncios não passa, porque os resultados não são visíveis.
Ora, só com actuações e resultados concretos, palpáveis, visíveis, que se transformem em atracção de investimento exterior ao concelho e em motivação do investimento local, será possível contribuir para que os privados criem emprego e a autarquia local possa dizer que faz o que lhe compete.
Enquanto tal não suceder o actual executivo socialista terá que assumir localmente tanta responsabilidade como a do Governo na escalada do desemprego para os valores mais altos dos últimos 10 anos.

Por: Nuno Almeida (Advogado e Deputado Municipal pelo PSD)

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