sábado, 10 de maio de 2008

Educação. Em quatro gerações muita coisa mudou

Lembro-me da minha mãe contar, que no tempo em que ela andou na escola, havia separação entre rapazes e raparigas. Os professores, no geral, eram temidos pelos alunos. Havia respeito, não ao professor, mas ao que poderia acontecer, caso o professor entende-se que o aluno tinha feito “asneiras”. Era comum, na escola, existirem réguas e/ou varas, para bater nos alunos. Contam, que alguns professores, parecia, que tinham prazer, quando aplicavam o castigo. E caso algum aluno, abandona-se a escola, ninguém o obrigava a voltar. Pura e simplesmente ia trabalhar. O diálogo entre escola, Pais e comunidade era praticamente nulo. Apenas para comunicação de notas.
Os meus avós, paternos e maternos não sabiam escrever. E no seu tempo também não havia a preocupação da educação escolar. Porque eram necessários no trabalho da terra.
Quando frequentei, o agora chamado 1º ciclo, ainda existia a régua e/ou vara, para castigar os alunos menos bem comportados. Tomei conhecimento com um destes “instrumentos”, da maneira mais dolorosa. Embora o uso dos “instrumentos” para castigar, já não fosse habitual. Já havia mais comunicação entre os Pais e a escola, Associação de Pais era coisa que ninguém, ainda, falava. E havia respeito pelos Professores.
Hoje em dia, a minha filha tem, deveres e direitos, assim como os, Pais e as escolas e a comunidade. Onde todos podem e devem contribuir para melhorar o ensino. Mas existe, algum, desrespeito pelos professores, principalmente, nos grandes centros urbanos. São realizadas reuniões, entre Pais, Director de turma, Associação de Pais e escola. Existe ainda o Conselho Escolar, onde podem e devem, fazer parte a Associação de Pais, alunos, professores, o Director da escola e representantes das comunidades locais. Onde se discute, quais são os assuntos mais importantes que a escola deve focalizar. Financeiros, de comunicação ou sobre o bem-estar dos estudantes na escola, entre outros.
Com esta resumida história da evolução no ensino, podemos observar que em 4 gerações, muita coisa mudou, para melhor. E como em tudo, nem sempre se evolui para melhor em todos os aspectos. É o caso da falta de respeito de, alguns, alunos pelos professores. A insuficiência das verbas existentes. Entre outras coisas.
Penso que os direitos e deveres existentes são suficientes, faltando limar algumas arestas. Sendo sempre necessário que, todos os que participam na educação, com alunos incluídos, cumpram esses mesmos direitos e deveres existentes.
O problema é que por defeito ou feitio, muitos dos participantes na educação pensam que só têm direitos, os deveres logo se vê. E não excluo nenhum dos participantes.
Os Pais, quase que delegam a educação dos filhos na escola. Já vi alguns, desde o infantário, que “despejam” literalmente os filhos na escola. E depois inscrevem-nos, em muitas actividades, para assim estarem ocupados todo o dia. A educação que deveria ser dada em casa, não existe. Um miúdo(a) sem os princípios básicos da educação, nunca poderá respeitar o professor. Nem conhece os seus direitos só deveres. Os Pais têm o direito de exigir da escola uma boa educação para o seu filho se, conseguirem cumprir o dever de educar e participar no percurso escolar do seu filho.
As escolas, lutam com falta de instalações, professores, auxiliares e dinheiro. Não conseguem cumprir com os seus deveres, porque não cumprem com os seus, direitos.
Ou seja se todos cumprirem os deveres, exigidos a cada interveniente, tendo os Pais uma importância fundamental neste processo, conseguimos que os direitos, de todos, sejam satisfeitos.
Nuno Pinheiro

E PLURIBUS UNUM:COMUNIDADE, ESCOLA E FAMÍLIA

Juntá-las para falar de ou escrever sobre as relações que devem existir entre elas no vasto mundo da Educação, particularmente na obtenção de eficácia nas aprendizagens, é o osso que tendes para roer público inventivo, as queixas ou os protestos ou o mal estar devem ser endereçados ao jornal “A Partilha”, eu estou aqui para apoiar, atiçar a fogueira, fornecer indicações, enfim o habitual, mãos à obra, só temos até 28 de Fevereiro apesar de o ano ser bissexto, não sei se é engano da Redacção nem quero saber, por favor isto é para já, naturalmente constituireis grupos mas depois da pesquisa, da discussão e da apresentação por cada equipa quero uma síntese geral em PowerPoint para enviar, pronto fui beber uma água com o Fernando Mendes, podeis consultar o público que vos convier.
Ponto da situação.
Dizem os “matemáticos geniais”(MG) que o conjunto comunidade contém um número considerável de subconjuntos, por exemplo os nossos pais, mais geralmente os nossos familiares, os políticos profissionais e amadores, as autoridades civis, militares e religiosas, os alunos das diferentes escolas, e mais e mais, adiante, afinal a comunidade somos nós e os não referidos que também fazem parte, está bem, agradeço não me terem esquecido, mas, por favor, entendam-se e indiquem com clareza a propriedade que caracteriza o conjunto.
Dizem os “docentes de asa ferida”(DAF) que a escola continua a padecer de males internos que nem a denúncia fundamentada e diária junto da opinião pública e de quem de direito consegue levar a uma urgência: à falta de professores e de afectos, segue-se a falta de técnicos administrativos e auxiliares bem acompanhados pela falta de equipamentos e de condições, está bem, mas que faltas são as nossas no nosso dia-a-dia, aqui? por exemplo, faltarão estudantes? sem provocação, faltarão métodos e técnicas actualizadas, quais?
Dizem os “sociólogos comprometidos”(SC) que é difícil falar da família em abstracto ou da forma tradicional, pensa-se que se sabe tudo e vai-se a ver a guerra dos sexos voltou aos ecrãs sob novas e múltiplas aparências, conduzindo a situações díspares envolvendo os alunos, os pais, os encarregados de educação e outros não previstos, e também os professores, as autoridades escolares, o pessoal administrativo e auxiliar, ninguém fica de fora, o processo é tipicamente democrático, pois, se continuamos adeus ó família que foste vinha vindimada.
Um esforço de contenção.
Os MG delimitam o território que consideram rural e mantêm a ideia de que a comunidade somos nós, os habitantes deste espaço, não importa em que situação, com uma esclarecidíssima ideia, pessoal e colectiva, sobre a educação e sobre a escola em particular, o que impõe a obrigação de pressão diária e continuada sobre os diferentes sectores da vida escolar e dos seus actores.
Os DAF sem quererem parecer piegas com o amor com que se entregam aos alunos lembram as altas habilitações, de licenciaturas e pós-graduações nem se fala, mestrados à vista a dar por um pau, doutoramentos a espreitar, e em numerosos casos uma ida e volta diária de umas dezenas de quilómetros, causa de stress a juntar a outras patologias de proveniências inesperadas e a outras despesas e duplicações.
Os SC destacam sem falsos alarmes as relações de violência que poderão ocorrer aqui por muito que nos custe, entre professores, entre familiares extremosos e professores, entre alunos e professores, o pessoal auxiliar a ver no que param as modas também entra, em alguns casos o Conselho Executivo e os alunos ensanguentando-se com meiguice entre si não ficam atrás: é a guerra; não é, é um cenário de alerta, sem dúvida pintado com ocorrências mais ou menos mediáticas, embora o dicionário do calão e algumas ameaças mais ou menos expressivas tenham chegado para as encomendas na maior parte dos casos.
Assim não vamos lá. E as aprendizagens?
Dizem os MG: se a comunidade é uma fonte de pressão no mau sentido, sempre com queixinhas, também pode ser uma no bom. Mais: pode e deve ser um parceiro com iniciativas e desafios poderosos que contribuam para a nossa aprendizagem.
Dizem os DAF: com todos os defeitos pessoais e todas as faltas que se apregoam sempre se ensinou e se orientaram as aprendizagens, não é agora que vai ser diferente passem as modas o que passar, sempre se actualizou a formação, com ou sem ajudas de custo, e não é costume descurar a formação pessoal.
Dizem os SC: apesar das novas condições parentais, das características conhecidas dos diferentes grupos, alguma conflituosidade não é necessariamente má, pondo de lado o que faz perder o sério à Comunicação Social.
E vai daí.
Primeiro diapositivo: A Câmara, através do Pelouro da Cultura, o CISE, o Museu do Pão, o Cine Eco, os Ranchos Folclóricos, as Bandas, os Grupos Desportivos, as Igrejas, a Indústria, o Comércio, a Agricultura, o Artesanato, devem oferecer à escola conjuntos de incentivos e de actividades que desafiem a comunidade escolar. À escola competirá integrá-las no plano e cooperar.
NB: não se pedem toneladas mas alguns gramas significativos.
Segundo diapositivo: as actividades atrás sugeridas terão com certeza desenvolvimento na sala de aula, integradas nos conteúdos e actividades usuais da disciplina ou na actividade programada pela escola.
NB: quem sabe se não ajudarão a ultrapassar algumas falhas.
Terceiro diapositivo: é verdade que sem alunos não há escola, mas sem professores não sendo impossível é difícil. Os tempos são outros, ultrapassada está a reverência ao mestre mas não está o respeito devido a um profissional, que falha como qualquer profissional, como qualquer pai ou encarregado de educação ou simplesmente como qualquer ser humano.
NB: embora soe bem que um professor deve ser um missionário e outras bondades, não fica mal evidenciar que tem uma profissão, aliás recentemente votada por maioria, como a Comunicação Social não se cansou de apregoar, no seguimento de outras votações do mesmo cariz em anos anteriores.
Quarto diapositivo: a ou as famílias são melhores que o código postal. É pena que, inventando por vezes as mais estranhas e delirantes desculpas, se demitam do papel educativo.
NB: a escola não substitui a casa de cada um, mesmo na falta dela.
Quinto diapositivo: a conflituosidade é componente integrante de qualquer processo de aprendizagem.
NB: eu que me insulto branda mas energicamente quando não percebo à primeira, às vezes nem à décima; eu quando não aceito as explicações e me atiro para a discussão.
Sexto diapositivo: todos por um e um por todos não somos demais para levar a nossa escola ao colo.
NB: adaptando John Kennedy: a escola tem feito por mim o que se sabe, e eu que posso fazer por ela?
Luís Alves Martins